segunda-feira, 31 de março de 2008

ÔNIBUS 174, EU RECOMENDO!

Domingo a noite, depois de um final de semana repleto de "emoções", fui convidada para assistir um filme; nem me disseram o título, já fui chamada a sentar e começar a vê-lo. Uns minutinhos necessários para deixar a agitação típica de lado, e de repente eu já me via presa em frente a tela relembrando fatos tristes, porém muito reais ainda enfrentados pela nossa sociedade. O filme: ÔNIBUS 174.
O Documentário rememora a tragédia vivida pelos passageiros da linha 174, Rio de Janeiro, no ano de 2000; o trágico sequestro realizado por Sandro Nascimento e transmitido ao vivo pela mídia.
Dirigido por José Padilha, o documentário vai além do dia fatídico, ele resgata toda a trajetória do Sandro, pobre, excluído, que presenciou o assassinato de sua mãe a facadas quando criança, sua vida pelas ruas, pai desconhecido, sem lar, família, usuário de drogas...sobrevivente da chacina da candelária, sua passagem pelos reformatórios, DPs. Traz depoimentos das vítimas do sequestro, os políciais que participaram das negociações, amigos de rua do Sandro, Assistente Social.
O personagem real tem a cara dos excluídos do Brasil e o enredo escancara a verdadeira guerra Civil que vivemos em nosso país. O objetivo do documentário não é determinar vilões ou mocinhos, ele nos chama a realidade mostrando a sociedade em que vivemos: violenta, excludente e desigual.
O sociólogo Luís Eduardo Soares, discorre no filme sobre a "invisibilidade" dos menores de rua no dia-a-dia dos centros urbanos. Eles estão em todos os lugares e recebem o desdém da população que por eles passa nas calçadas, sinais e praças.
A ação da polícia? Nossa, uma vergonha; como estamos desassitidos...a atuação deles fica na berlinda. Foi um desastre o desfecho do assalto onde uma refém e o bandido morreram graças ao soldado que mirou no assaltante mas errou o alvo atigindo a refém, depois o assassinato de Sandro asfixiado dentro do camburão da polícia; uma violência absolutamente inaceitável. A perplexidade diante do fato pode ser creditada, em parte, a veiculação das imagens ao vivo do sequestro.
Ao término do filme ainda voltando algumas cenas, e tirando as últimas conclusões não parava de pensar nessa grande problemática social, fiquei estática e só me vinha um questionamento a mente: o que motiva o ser humano a agir assim? Sandro é o grande culpado dessa tragédia? Ou, conhecendo sua triste história, quais as causas que o fizeram sair do papel de vítima e encarnar o de algoz?
Vamos sair dessa inércia e acordar para os problemas que estão na nossa volta...Meus amigos assistam a esse filme, tomem esse "choque" de realidade, e além de pensar busquem uma ação concreta para mudar essa triste realidade em que vivemos. Ainda temos alternativas...

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